TERCEIRO
FRAGMENTO
AS
SETE PORTAS
UPADHYA (96),
a escola está feita. Anseio pela sabedoria. Rasgaste já
o véu que escondia o caminho secreto e ensinaste o Yana (97)
superior. O teu servo aqui está, pronto para que o guies.
Está
bem, Shravaka (98).
Prepara-te, porque terás de seguir sozinho, O mestre só
pode apontar a direção. O caminho é um para
todos, o meio de chegar à meta deve variar de peregrino
para peregrino.
Qual é
que vais escolher, ó de coração indômito?
O Samtan (99)
da doutrina dos olhos, o quádruplo Dhyana, ou abrirás
caminho através das Paramitas (100),
seis em número, nobres portas da virtude conduzindo a Bodhi e
a Prajna, sétimo passo da sabedoria?
O caminho
árduo do quádruplo Dhyana ondula montanha acima. Três
vezes grande é aquele que chega ao píncaro altíssimo.
As alturas de
Paramita são atravessadas por um caminho ainda mais íngreme.
Tens de forçar o teu caminho através de sete portas,
sete fortalezas guardadas por poderes cruéis e ardilosos -
paixões encarnadas.
Anima-te,
discípulo; tem sempre presente o preceito áureo. Uma
vez passada a porta Srotapatti (101)
“aquele que entrou para o rio” cujo pé foi posto sobre o
leito do rio nirvânico nesta vida ou em qualquer vida futura,
tem apenas diante dele mais sete nascimentos, ó homem de
vontade de ferro.
Repara.
Que vês tu diante dos teus olhos, ó aspirante à
sabedoria divina?
“O manto da
escuridão cobre a profundeza da matéria; nas suas
dobras me debato. Aprofunda-se, Senhor, à medida que para ele
olho; um gesto da tua mão o desfaz. Mexe-se uma sombra,
arrastando-se como as dobras coleantes da serpente... Cresce,
alastra-se, e desaparece na escuridão”.
É a
sombra de ti próprio fora do Caminho, caindo sobre a escuridão
dos teus pecados.
“Sim,
Senhor, vejo o Caminho; o seu princípio fincado no lodo, o seu
cimo perdido na nirvânica luz gloriosa: e agora vejo os portais
cada vez mais estreitos na estrada árdua e espinhosa para
Jnana" (102).
Vês bem,
Lanu. Esses portais levam o aspirante a atravessar o rio para a outra
margem (103).
Cada portal tem uma chave de ouro que abre a sua porta; e essas
chaves são:
1. Dana, a
chave da caridade e do amor imortal.
2. Shila, a
chave da harmonia nas palavras e nos atos, a chave que contrabalança
a causa e o efeito, não deixando mais espaço à
ação cármica.
3. Kshanti, a
paciência suave, que nada pode alterar.
4. Vairagya, a
indiferença ao prazer e à dor, a ilusão vencida,
só a verdade vista.
5. Virya, a
energia indômita que abre o seu caminho para a verdade suprema,
erguendo-se acima das mentiras terrenas.
6. Dhyana,
cuja porta de ouro, uma vez aberta, leva o Naljor (104)
para o reino de Sat, o eterno, e para a sua contemplação
sem fim.
7. Prajna,
cuja chave faz de um homem um Deus, criando-o um Bodhisattva, filho
dos Dhyanis.
Tais são
as chaves de ouro para esses portais.
Antes que te
possas acercar do último, ó tecedor da tua liberdade,
tens de possuir estas Paramitas da perfeição - as
virtudes transcendentais em número de seis e dez - por esse
longo caminho.
Porque, ó
discípulo, antes que estivesses apto a encontrar o teu Mestre
frente a frente, o teu Senhor luz a luz, que foi que te disseram?
Antes que te
possas acercar da porta mais próxima tens de aprender a
separar o teu corpo do teu espírito, e a viver no eterno. Para
isto, tens de viver e respirar em tudo, como tudo que vês
respira em ti; sentir-te existir em todas coisas, e todas as coisas
em ti.
Não
deixarás os teus sentidos fazer do teu espírito campo
para o seu recreio.
Não
separarás o teu ser do Ser, e do resto, mas fundirás o
oceano na gota de água, e a gota de água no oceano.
Assim estarás
em acordo com tudo quanto vive; ama os homens como se eles fossem os
teus condiscípulos, discípulos do mesmo Mestre, filhos
da mesma boa mãe.
Professores há
muitos; a Alma-Mestra (105)
é uma, Alaya, a Alma Universal. Vive nesse Mestre como o seu
raio em ti. Vive nos teus semelhantes como eles nela.
Antes que
estejas no limiar do Caminho; antes que entres pela primeira porta,
tens de fundir os dois em um e sacrificar o pessoal à
Personalidade impessoal, e assim destruir o caminho entre as duas -
Antahkarana (106).
Tens de estar
pronto para responder a Dharma, a lei austera, cuja voz te perguntará
ao teu primeiro passo, ao teu passo inicial.
“Obedeceste
a todas as regras, ó de altas esperanças?
“Puseste o
teu coração e a tua mente de acordo com a grande mente
e o grande coração de toda a humanidade? Porque, como a
voz sonora do grande rio, na qual todos os sons têm o seu eco
(107),
assim deve o coração daquele que queira entrar para o
rio vibrar em resposta a cada suspiro e a cada pensamento de tudo
quanto vive e respira”.
Os discípulos
podem ser comparados a cordas da vina que produz eco nas almas; a
humanidade, à sua caixa de ressonância; a mão que
a vibra, à respiração melodiosa da Grande Alma
do Mundo. A corda que não vibra ao toque o Mestre, em harmonia
suave com todas as outras, quebra-se e é deitada fora. Assim
as mentes coletivas dos Lanu-Shravakas. Têm de ser afinadas
para vibrar de acordo com o espírito do Upadhya - uno com a
Super-Alma - ou se quebrará.
Assim fazem os
irmãos da sombra - os assassinos das suas Almas, a horrível
seita dos Dad-Dugpa (108).
Puseste o teu
ser de acordo com a grande dor da humanidade, ó candidato à
luz?
Fizeste
assim?... Podes entrar. Antes, porém, que dês um passo
no duro caminho da tristeza, é bom que aprendas quais são
os perigos da estrada.
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Armado com a
chave da caridade, do amor e da terna misericórdia, podes
estar tranqüilo ante a porta de Dana, a porta que fica à
entrada do Caminho.
Vê, ó
ditoso peregrino! O portal que tens diante de ti é alto e
largo, parece de fácil acesso. A estrada que o atravessa é
reta, suave e relvada. É como uma clareira cheia de sol no
meio da floresta escura e funda, um lugar na terra refletindo o
paraíso de Amitabha (109).
Ali rouxinóis de esperança e aves de penas radiosas
cantam em bosques verdejantes, trilando triunfos aos peregrinos sem
receio. Cantam as cinco virtudes do Bodhisattva, a fonte quíntupla
do poder do Bodhi, e dos sete degraus no conhecimento.
Passa, segue
para diante!. Trouxeste a chave: estás salvo.
Para a segunda
porta a entrada é verde também, mas é íngreme
e serpenteia montanha acima - sim, até ao cimo rochoso da
montanha. Névoas cinzentas cobrirão o seu píncaro
rude e pedregoso, e para além será tudo escuridão.
À medida que avança, o cântico da esperança
soa cada vez mais débil no coração do peregrino.
O arrepio da dúvida atinge-o; os seus passos tornam-se mais
incertos.
Acautela-te
com isto, ó candidato; acautela-te contra o medo que, como as
asas negras e silenciosas do morcego noturno, se alastra entre o luar
da tua Alma e a tua grande meta que surge na distância, muito
longe ainda.
O medo, ó
discípulo, mata a vontade e demora a ação.
Se é falho da virtude Shila, o peregrino tropeça, e
pedras cármicas ferem-lhe os pés pelo caminho
pedregoso.
Pisa com
segurança, ó candidato. Banha a tua alma na essência
de Kshanti; porque te acercas agora do portal que tem esse nome, a
porta da fortaleza e da paciência.
Não
feches os olhos, nem percas de vista Dorje (110);
as setas de Mara atingem sempre o homem que não chegou ao
Vairagya (111).
Não
tremas. Sob o hálito do medo enferruja a chave de Kshanti; a
chave ferrugenta já não pode abrir.
Quanto mais
avançares, mais e mais serão os perigos que cercarão
os teus passos. O caminho que segue para diante é iluminado
por uma chama - a luz da audácia ardendo no coração.
Quanto mais ousares, mais conseguirás. Quanto mais temeres,
mais a luz esmorecerá - e só ela te pode guiar. Porque
como o último raio do sol no píncaro do alto monte é
seguido pela noite escura quando cessa, assim é a luz do
coração. Quando se apaga, uma sombra negra e ameaçadora
cairá do teu coração sobre o Caminho, e
prenderá os teus pés pávidos no chão.
Acautela-te,
discípulo, com essa sombra letal. Nenhuma luz que brilhe do
Espírito pode dispersar a escuridão da Alma inferior, a
não ser que todo o pensamento egoísta de lá
tenha fugido, e que o peregrino diga: “Abdiquei deste corpo que
passa; destruí a causa; as sombras, meros efeitos, não
podem mais subsistir”. Porque teve lugar agora a última
grande batalha, a guerra final entre o ser superior e o inferior. Vê,
o próprio campo da batalha se engolfou na grande guerra, e
deixou de existir.
Mas, uma vez
passada a porta de Kshanti, está dado o terceiro passo. O teu
corpo é teu escravo. Prepara-te agora para a quarta porta, a
porta das tentações que enleiam o homem interior.
Antes que
possas acercar-te dessa meta, antes que a tua mão se erga para
levantar o fecho da quarta porta, deves ter dominado todas as
alterações mentais em ti, e matado o exército
das sensações-pensamentos que, sutis e insidiosas, se
introduzem, sem que tu queiras, no sacrário luzente da Alma.
Se não
queres que elas te matem, deves tornar inofensivas as tuas criações,
os filhos dos teus pensamentos, invisíveis, impalpáveis,
que enxameiam em torno à humanidade, prole e herdeiros do
homem e das suas presas terrestres. Tens de estudar o vácuo do
aparentemente cheio, o cheio do aparentemente vazio. Ó
aspirante intemerato, olha bem para dentro do poço do teu
coração, e responde. Conheces bem os poderes da
Personalidade, ó observador das sombras externas?
Se os não
conheces, está perdido.
Porque, no
quarto caminho, a mais leve brisa da paixão ou do desejo fará
tremer a luz firme nos muros brancos e puros da Alma. A mais pequena
onda de ânsia ou de saudade pelos dons ilusórios de
Maya, ao passares por Antahkarana - o caminho que há entre o
teu Espírito e a tua Personalidade, a estrada-real das
sensações, as despertadoras de Ahamkara (112)
- um pensamento rápido como a luz do relâmpago far-te-á
perder os teus três prêmios - os três prêmios
que ganhaste. Aprende que no Eterno não há mudança.
“Abandona
para sempre as oito cruéis angústias; se não,
por certo que não chegaste à sabedoria, nem ainda à
libertação”, diz o grande Senhor, o Tathagata da
perfeição, “aquele que seguiu as passadas dos seus
predecessores (113).
Austera e
exigente é a virtude de Vairagya. Se queres possuir o seu
caminho, tens de ter a tua mente, as tuas percepções
mais do que nunca livres da ação mortal.
Tens de te
saturar do puro Alaya, de te identificar com o pensamento da alma da
Natureza. Unificado com ele és invencível; separado
dele, torna-te o campo de recreio de Samvritti (114),
origem de todas as ilusões do mundo.
Tudo é
transitório no homem, salvo a pura e clara essência do
Alaya. O homem é o seu raio cristalino; por dentro um raio de
luz imaculada, uma forma de barro material na superfície
inferior. Esse raio é o teu guia de vida e a tua Personalidade
verdadeira, a sentinela e o pensador silencioso, a vítima do
teu ser inferior. A tua Alma não pode ser ferida senão
através do teu corpo pecador; domina e rege os dois e estarás
salvo quando estiveres cruzando as proximidades da Porta do
Equilíbrio.
Anima-te,
audaz peregrino, para a outra margem. Não dês ouvidos ao
segredar das hostes de Mara; afasta os tentadores, esses espíritos
de má índole, os Lhamayn (115)
no espaço infinito.
Mantém-te
firme! Acerca-te agora do portal médio, da porta da dor,
com as suas dez mil armadilhas.
Domina os teus
pensamentos, ó ansioso pela perfeição, se queres
atravessar o limiar dela.
Domina a tua
alma, ó ansioso pelas verdades eternas, se queres chegar à
meta.
Concentra o
olhar da tua alma na luz única e pura, na luz que nada afeta,
e serve-te da tua chave de ouro.
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O árduo
trabalho está feito, a tua tarefa quase finda. O grande
abismo, que se abria para te tragar, está quase passado.
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Atravessaste a
vala que circula a porta das paixões humanas. Venceste já
a Mara e à sua horda furiosa.
Tiraste a
impureza do teu coração e sangraste-o de desejos
impuros. Mas, ó combatente glorioso, a tua tarefa ainda não
está no fim. Constrói alto, Lanu, o muro que há
de defender a tua Ilha Sagrada (116),
o dique que protegerá o teu espírito do orgulho e do
contentamento ao pensares no teu grande feito.
Um sentimento
de orgulho macularia a tua obra. Sim: ergue forte o muro, não
vá o impulso feroz das ondas em guerra, que sobem e batem na
sua costa, vindas do grande Mundo do oceano de Maya, engolfar o
peregrino e a ilha; - sim, no próprio momento da vitória.
A tua “ilha”
é a corça, os teus pensamentos os galgos que cansam e
perseguem o seu avanço até ao rio da vida. Ai da corça
que é atingida pelos galgos malignos antes que chegue ao vale
do refúgio - Jnana-Marga (117),
“o caminho do puro conhecimento”.
Antes que te
possas estabelecer em JnanaMarga e chamar-lhe teu, a tua Alma
tem de se tornar como o fruto maduro da mangueira: mole e doce como a
sua polpa dourada para as angústias dos outros, duro como o
caroço desse fruto para as tuas próprias dores e
angústias, ó triunfador da alegria e da tristeza.
Torna a tua
Alma dura contra as armadilhas da tua personalidade; faze com que ela
mereça o nome de Alma de Diamante.
Porque, como o
diamante enterrado fundo no coração vivo da terra não
pode refletir as luzes terrenas, assim são a tua mente e a tua
Alma; imersos no Jnana-Marga, nada devem refletir do meio ilusório
de Maya.
Quando
chegares a esse estado, os portais que tens de vencer no teu caminho
abrem de par em par as suas portas, para que passes e os poderes
maiores da natureza não têm força para te
embargar o passo. Serás dono do sétuplo caminho: mas só
então o serás, ó candidato a provas indizíveis.
Até
ali, espera-te uma tarefa muito mais difícil: tens de te
sentir todo pensamento, e contudo exilar da tua alma todos os
pensamentos.
Tens de chegar
àquela fixidez de espírito em que nenhuma brisa, por
mais que cresça, pode soprar um pensamento material para
dentro dele. Assim purificado, o sacrário deve ficar vazio de
toda a ação, som ou luz da terra; assim como a
borboleta, atingida pela geada, cai morta no limiar - assim todos os
pensamentos materiais devem cair mortos ante o tempo.
Vê que
está escrito:
“Antes que a
chama dourada possa arder com um brilho firme, deve a lâmpada
estar guardada num lugar livre de toda a aragem”. Exposta à
brisa volúvel, a chama tremerá, e, tremendo, lançará
sombras enganosas, negras, e sempre variantes, sobre o sacrário
branco da Alma.
E então,
ó perseguidor da verdade, a alma da tua mente tornar-se-á
como um elefante louco, que se enfurece na floresta. Tomando as
árvores por inimigos vivos, morre ao tentar matar as sombras
sempre incertas bailando no muro dos rochedos inundados de sol.
Acautela-te,
não vá a tua alma, ao cuidar da tua Personalidade,
perder pé no terreno do conhecimento Deva.
Acautela-te,
não vá a tua Alma, ao esquecer a Personalidade, perder
o seu domínio sobre o seu espírito trêmulo,
perdendo assim o justo prêmio das suas conquistas.
Acautela-te
contra a mudança, porque a mudança é o teu
grande inimigo. A mudança lutará contigo, afastar-te-á,
atirar-te-á para fora do caminho que trilhas, para dentro de
pântanos viscosos de dúvida.
Prepara-te e
acautela-te a tempo. Se experimentaste e falhaste, ó lutador
indômito, não percas, porém, a coragem: continua
a lutar, e volta ao embate repetidamente.
O guerreiro
destemido, ainda que o sangue da sua vida lhe escorra das feridas
abertas, continuará a atacar o inimigo, expulsálo-á
do seu forte, vencê-lo-á mesmo, antes que ele próprio
expire. Agi, pois, todos vós que falhais e que sofreis, como
esse soldado; e do forte da vossa Alma expulsai todos os vossos
inimigos - a ambição, a cólera, o ódio,
até a sombra do desejo - mesmo quando tiverdes falhado...
Lembra-te, tu
que lutas pela libertação humana (118),
que cada falência é um triunfo, e cada tentativa sincera
a seu tempo recebe o seu prêmio. Os santos germes que brotam e
crescem invisíveis na Alma do discípulo, dobram como
juncos mas não quebram, nem podem eles perder-se. Mas quando a
hora soa, desabrocham (119).
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Mas se vieste
preparado, então não temas nada.
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Daqui em
diante é claro o teu caminho, que vai direto à porta de
Virya, o quinto dos sete portais. Estás agora no caminho que
conduz ao porto do Dhyana, o sexto portal, o portal Bodhi.
A porta do
Dhyana é como um vaso de alabastro, branco e transparente;
dentro dele arde uma luz firme e dourada, a chama de Prajna, que de
Atman irradia.
Esse vaso és
tu.
Afasta-te dos
objetos dos sentidos, seguiste pelo caminho da visão, pelo
caminho da audição, e estás agora na luz do
conhecimento. Chegaste agora ao estado de Titiksha (120).
Ó
Naljor, estás salvo.
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Aprende,
vencedor dos pecados, que uma vez que um Sowani (121)
tenha atravessado o sétimo caminho, toda a natureza
estremece de alegria e se sente submissa. A estrela prateada eis que
cintila esta nova às flores da noite, o riacho murmura esse
conto às pedras; as ondas escuras do oceano o cantam aos
rochedos cheios de espuma, as brisas perfumadas cantam-no aos vales,
e os pinheiros altivos segredam misteriosamente: “Surgiu um Mestre,
um Mestre do Dia" (122).
Ele se ergue
agora como uma coluna branca ao ocidente, sobre cuja fronte o sol
nascente do pensamento eterno derrama as suas primeiras ondas
gloriosas. O seu espírito, como um oceano ilimitado em
calmaria, alastra-se no espaço sem praias. Ele tem a vida e a
morte na sua mão poderosa.
Sim, ele é
poderoso. O poder vivo tornado livre nele, esse poder que é
Ele próprio, pode erguer o tabernáculo da ilusão
muito acima dos Deuses, a cima dos grandes Brahm e Indra. É
agora, por certo, que ele conseguirá o seu grande prêmio!
Não
usará ele os dons, que isso confere, para seu descanso e
felicidade, para seu proveito e glória tão bem ganhos -
ele o subjugador da grande ilusão?
Não, ó
candidato à ciência secreta da natureza! Se quiseres
seguir os passos do santo Tathagata, esses dons e poderes não
são para ti próprio. Irás assim por um dique às
águas nascidas em Someru (123)?
Irás desviar o rio para teu serviço, ou fazê-lo
subir até à sua nascente, pelos cerros dos ciclos?
Se quiseres
que esse rio de conhecimento bem ganho, de sabedoria de divina
origem, fique uma corrente pura, não deves deixar que ele se
torne um lago estagnado.
Aprende: se
quiseres tornar-te cooperador de Amitabha, a Idade Ilimitada, então
deves derramar a luz adquirida, como os dois Bodhisattvas (124),
sobre a extensão de todos os três mundos (125).
Aprende que a
corrente de conhecimento sobre-humano e a sabedoria Deva, que
adquiriste, deve, de ti, o canal de Alaya, ser derramada para outro
leito.
Aprende, ó
Naljor, tu do caminho secreto, que as suas águas puras devem
ser empregadas para tornar mais doces as ondas amargas do oceano
- esse grande mar de sofrimento formado pelas lágrimas dos
homens.
Ai de ti! Uma
vez que te tornaste como a estrela fixa no alto céu, esse
claro orbe celeste deve, das profundezas do espaço, brilhar
para todos, menos para si mesmo; dar luz a todos, e a nenhum tirá-la.
Ai de ti! Uma
vez tornado como a neve pura nos vales das montanhas, fria e
insensível ao tato, quente e protetora para a semente que
dorme fundo sob o seu seio - agora é essa neve que deve
receber a geada mordente, os vendavais do norte, protegendo assim do
seu dente fino e cruel a terra que contém a colheita
prometida, a colheita que dará pão aos que têm
fome.
Por ti próprio
condenado a viver através de Kalpas futuros sem que os homens
te vejam ou te agradeçam; apertado como uma pedra contra
inúmeras outras que formam o “Muro da Guarda" (126),
tal é o teu futuro se passares a sétima porta.
Construído pelas mãos de muitos Mestres da Compaixão,
erguido pelas suas torturas, cimentado pelo seu sangue, ele proteje a
humanidade, desde que o homem é homem, livrando-a de novas e
maiores angústias e tristezas.
O
homem, porém, não o vê, não o quer ver,
nem quer dar ouvidos à palavra da Sabedoria, porque não
a conhece.
Mas tu
ouviste-a, tu sabes tudo, ó de Alma ansiosa e
imaculada... e tens de escolher. Escuta ainda.
No Caminho de
Sowan, ó Srotapatti, segues seguro. Sim, nesse Marga, onde
apenas a escuridão vem ao encontro do peregrino cansado, onde,
rasgadas por espinhos, as mãos gotejam sangue, os pés
são rasgados por pedras agudas e duras, e Mara emprega as suas
armas mais fortes - para além dele, imediatamente há
um grande prêmio.
Calmo e
impassível, o peregrino vai até ao rio que conduz ao
Nirvana. Ele sabe que quanto mais os seus pés sangrarem, mais
lavado e limpo ele próprio ficará. Ele sabe bem que
depois de sete breves e transitoriais nascenças, o Nirvana lhe
pertencera...
Tal é o
caminho de Dhyana, o porto do iogue, a meta sagrada que o Srotapattis
buscam.
Não é
assim quando atravessou e conquistou o caminho Arhat (127).
Ali Klesha
(128)
é destruído para sempre, e as raízes de Tanha
(129)
arrancadas; mas pára, discípulo... escuta uma palavra
ainda. Podes tu destruir a divina compaixão? A compaixão
não é um atributo. É a Lei das leis - a harmonia
eterna, o próprio Ser de A1aya, uma essência universal
sem praias, a luz da justiça eterna, o acordo de tudo, a lei
do eterno amor.
Quanto mais
com ela te unificares, fundindo o teu ser no seu ser, tanto mais a
tua Alma se unirá àquilo que é, tanto mais te
tornarás a Compaixão Absoluta (130).
Tal é o
caminho Arya, caminho dos Budas da perfeição.
Mas o que
significam os livros sagrados que te fazem dizer:
“Om! Creio
que nem todos os Arhats obtêm o doce gozo do caminho nirvânico.
“Om! Creio
que no Nirvanadharma não entram todos os Budas" (131).
Sim, no
caminho de Arya já não és um Srotapatti, és
um Bodhisattva (132).
Atravessaste o rio. É certo que tens direito à veste do
Dharmakaya; mas um Samhbogakaya é maior do que um Nirvani, e
maior ainda é um Nirmanakaya - o Buda da Compaixão
(133).
Inclina agora
a tua fronte e escuta bem, ó Bodhisattva - a compaixão
fala e diz:
“Pode haver
felicidade quando tudo quanto vive tem de sofrer? Quererás
salvar-te ouvindo todo o mundo chorar?”
Agora ouviste o que se disse:
Chegarás
ao sétimo degrau e atravessarás a porta do conhecimento
final, mas apenas para tomares a dor por esposa - se queres ser
Tathagata, seguir os passos do teu predecessor, conservar-te
altruísta até ao fim sem fim.
Estás
iluminado - escolhe o teu caminho.
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Olha a luz
suave que inunda o céu oriental. Céu e terra unem-se em
gestos de adoração. E dos poderes quadruplamente
manifestados sobe um cântico de amor, tanto do fogo que brilha
como da água que corre, da terra perfumada e do vento que
passa.
Escuta!... do
grande e insondável vórtice daquela luz dourada em que
o Vencedor se banha, toda a voz sem palavras da natureza se ergue
para em mil tons proclamar:
Um
peregrino regressou da “outra margem”
Notas
1.
A palavra páli Iddhi eqüivale ao Siddhis sânscrito,
as faculdades “psíquicas” os poderes anormais do homem. Há
duas espécies de Siddhis - um grupo que compreende as energias
inferiores, grosseiras, “psíquicas” e mentais, ao passo
que o outro exige o mais alto cultivo das capacidades espirituais.
Diz Krishna no Shrimad Bhagavat:
“Aquele
que está ocupado na execução da Ioga, que venceu
os seus sentidos e concentrou o seu espírito em mim (Krishna)
- a tais iogues como esse estão todos os Siddhis prontos a
servir." Voltar.
2.
A voz sem som, ou a “voz do silêncio”. Literalmente, isto
devia talvez traduzir-se “voz no som espiritual”, visto que Nada
é o equivalente sânscrito do termo Senzar. Voltar.
3.
Dharana é a concentração intensa e perfeita do
espírito sobre qualquer objeto interior, acompanhada da
abstração completa de tudo quanto pertença ao
universo exterior, ou mundo dos sentidos. Voltar.
4.
O “grande Mestre” é o termo que os chelas empregam para
designar a Personalidade Superior. Equivale ao Avalokiteshvara, e é
o mesmo que o Adi-Buda dos ocultistas do budismo, que o Atmandos
Brâmanes, e que o Christos dos antigos Gnósticos.
Voltar.
5.
“Alma” é aqui empregado para designar o Eu ou Manas
humano, a que na nossa oculta divisão setenária se
chama a Alma humana, para distingui-la das Almas espirituais e
animais. Voltar.
8.
Attavada, a heresia da crença na Alma, ou antes, na separação
da Alma ou Personalidade do Ser universal, uno e infinito. Voltar.
9.
O Tattvajnani é o conhecedor ou discriminador dos princípios
na natureza e no homem; e Atmajnani é o conhecedor de Atman ou
da Personalidade Única universal. Voltar.
10.
Kala Hamsa, a ave ou cisne. Diz o Nadavindupanishat (Rig Veda)
traduzido pela Sociedade Teosófica de Kumbakonam -
“Considera-se a sílaba A como a asa direita da ave Amsa, U a
asa esquerda, M a cauda, e o Ardhamatra (meiometro) diz-se ser a
sua cabeça”. Voltar.
11.
A eternidade tem para os orientais um sentido diverso do que tem para
nós. Representa em geral os 96 anos ou idade de Brama, a
duração de um Mahakalpa, ou seja, um período de
311.040.000.000.000 anos. Voltar.
12.
Diz o citado Nadavindu, “Um iogue que cavalga o Hamsa (assim
contempla sobre o AUM) não é afetado por influências
cármicas ou efeitos de pecados”. Voltar.
14.
Os três estados de consciência, que são: Jagrat, o
de vigília; Svapna, o de sonho; e Sushupti, o estado de sono
profundo. Estas três condições iogues
conduzem ao quarto, que é - Voltar.
15.
O Turiya, o que está além do estado do sono sem sonhos,
um estado de alta consciência espiritual. Voltar.
16.
Alguns místicos orientais indicam sete planos do ser, os sete
Lokas ou mundos espirituais dentro do corpo de Kala Hamsa, o cisne
fora do tempo e do espaço, conversível em o cisne
dentro do tempo, quando se torna Brama em vez de Braman. Voltar.
19.
A região astral, o mundo psíquico das percepções
super-sensuais e das visões ilusórias - o mundo dos
médiuns. É a grande “serpente astral” de Éliphas
Lévi. Nenhuma flor colhida nesse mundo foi alguma vez trazida
para a terra sem que trouxesse a sua serpente enroscada na haste. É
o mundo da grande ilusão. Voltar.
20.
A região da plena consciência espiritual, para além
da qual já não há perigo para quem lá
chegou. Voltar.
21.
Ao Iniciado, que conduz o discípulo, pelos conhecimentos que
lhe ministra, à sua segunda nascença, ou nascença
espiritual, chama-se o pai, Guru ou Mestre. Voltar.
23.
Mara é, nas religiões exotéricas, um demônio,
um Asura, mas na filosofia exotérica é a personificação
da tentação pelos vícios humanos; traduzido
literalmente, quer dizer “aquilo que mata” a alma. É
representado como um rei (dos Maras) com uma coroa onde brilha uma
jóia de tal fulgor que cega aqueles que para ela olham, e esse
fulgor representa, é claro, a fascinação que o
vício exerce sobre certas naturezas. Voltar.
27.
O “Poder” e a “Mãe do Mundo” são nomes dados a
Kundalini - um dos poderes místicos iogues. É o Budi
considerado como princípio ativo e não passivo (o que
ele em geral é quando o consideramos como simples veículo
ou cofre do espírito supremo, Atman). É força
eletro-espiritual, o poder criador que, quando chamado à agir,
pode tão facilmente matar como criar. Voltar.
28.
Kechara, “o que passeia”, ou “anda”, nos céus.
Conforme se explica no sexto Adhyaya dessa rainha das obras místicas,
os Jnaneshvari - o corpo do iogue se torna como que feito de vento;
como “uma nuvem de onde nasceram membros” depois do que - “ele
(o iogue) contempla as cousas para além dos mares e das
estrelas; ouve e compreende a linguagem dos Devas (deuses) e percebe
o que se está passando no espírito da formiga”.
Voltar.
31.
Os seis princípios que constituem o homem; isto acontece
quando a personalidade inferior é destruída e a
individualidade íntima se funde e perde no sétimo
espírito (Atman). Voltar.
34.
Manasa Rupa. Assim como o Kama Rupa se refere ao ser astral ou
pessoal. Manasa Rupa se relaciona com a individualidade, ou Eu
reencarnante, cuja consciência no nosso plano, ou Manas
inferior, tem de ser paralisada. Voltar.
35.
Kundalini, o poder serpentino ou fogo místico; chama-selhe
o poder serpentino ou anelar por causa do seu progresso ou caminho
espiraliforme no corpo do asceta que está desenvolvendo em si
esse poder. É um poder oculto ou foático elétrico
e ígneo, a grande força primitiva que está por
dentro de toda a matéria orgânica e inorgânica.
Voltar.
36.
Este Caminho é mencionado em todas as obras místicas.
Como diz Krishna no Jnaneshvari: “Quando se contempla este
caminho... quer sigamos para o Oriente em flor, quer para as câmaras
do Ocidente, Sem movimento, é portador do arco, é a
viagem nesta estrada. Neste caminho, qualquer que seja o lugar para
onde queiramos ir, esse lugar nos tornamos”. “Tu és o
caminho”. - diz-se ao Adepto Guru, e diz este ao discípulo,
depois da Iniciação. “Eu sou a estrada e o Caminho”
- diz um outro Mestre. Voltar.
38.
Tanha - a vontade de viver, o medo da morte e amor à vida,
aquela força ou energia que causa o renascer. Voltar.
39.
Os sons místicos, ou a melodia mística, ouvidos pelo
asceta no princípio do seu ciclo de meditação,
chamado Anahatashabda pelos iogues. O Anahaha é o quarto dos
Chakras. Voltar.
40.
Isto quer dizer que no sexto estágio de desenvolvimento, que,
no sistema oculto, é Dharana, cada sentido, como faculdade
individual tem de ser “morto” (ou paralisado) neste plano
passando a ser, e fundindo-se com o sétimo sentido, o mais
espiritual. Voltar.
41.
Dharana é a concentração intensa e perfeita do
espírito sobre qualquer objeto interior, acompanhada da
abstração completa de tudo quanto pertença ao
universo exterior, ou mundo dos sentidos. Voltar.
42.
Cada estágio de desenvolvimento na Raja Ioga é
simbolizado por uma figura geométrica. Esta é o
triângulo sagrado e precede o Dharana. O D é o sinal dos
altos chelas, ao passo que outra espécie de triângulo é
o dos altos Iniciados. O “1” é o símbolo de que
Buda falou e que empregou como símbolo da forma incorporada de
Tathagata quando liberta dos três métodos de Prajna. Os
estágios preliminar e inferiores uma vez passados, o discípulo
já não vê o D mas sim o -, a abreviatura do -, o
setenário completo. A sua verdadeira forma não é
aqui dada porque é quase certo que seria aproveitada por
qualquer charlatão e profanada no seu uso para fins
fraudulentos. Voltar.
43.
A estrela que brilha nas alturas é a Estrela da Iniciação.
O sinal dos Shaivas, ou devotos da seita de Shiva, patrono de todos
os iogues, é um ponto circular negro, agora, talvez, símbolo
do sol, mas o da Estrela da Iniciação no ocultismo de
outros tempos. Voltar.
45.
Dhyana é o último estágio antes do final, nesta
terra, a não ser que nos tornemos pleno Mahatma. Como já
se disse, neste estado o Raja Ioga é ainda espiritualmente
consciente da sua personalidade e da operação dos seus
princípios superiores. Mais um passo, e estará no plano
para além do Sétimo, o quarto, segundo certas escolas.
Estas, depois da prática de Pratyahara - uma educação
preliminar, para dominar o espírito e os pensamentos - contam
Dharana, Dhyana e Samadhi, e envolvem os três sob o nome
genérico de Sannyama. Voltar.
46.
Samadhi é o estado em que o asceta perde a consciência
de toda a individualidade, incluindo a sua. Torna-se o Todo. Voltar.
47.
Os quatro modos da verdade são, no budismo do norte: Ku, o
sofrimento ou miséria; Tu, a reunião das tentações;
Mu, a destruição delas; e Tau, o Caminho. Os “cinco
impedimentos” são o conhecimento da angústia, a
verdade a respeito da fraqueza humana, restrições
opressivas, e a absoluta necessidade de separação de
todas as peias da paixão, e mesmo dos desejos. O “Caminho da
salvação” é o último. Voltar.
48.
No portal da reunião está o rei dos Maras, o Maha-Mara,
tentando cegar o candidato com o brilho da sua jóia. Voltar.
49.
Este é o quarto dos cinco caminhos do renascer, que conduzem e
arrastam todos os seres humanos para um perpétuo estado de
tristeza e de alegria. Esses caminhos não passam de
subdivisões do caminho único, o caminho seguido pelo
Carma. Voltar.
50.
Às duas escolas da doutrina do Buda, a esotérica e a
exotérica, chama-se respectivamente a doutrina do “coração”
e a doutrina dos “olhos”. A Budhidharma, a religião da
sabedoria da China - donde os nomes passaram para o Tibete -
chamou-lhes os homens do Tsung (escola esotérica) e os Kiau
(escola exotérica). A primeira é assim chamada porque é
o ensinamento que emanou do coração do Gautama Buda, ao
passo que a doutrina dos olhos foi produto da sua cabeça ou
cérebro. A doutrina do coração também se
chama o selo da verdade, ou o verdadeiro selo, símbolo esse
que se encontra encimando quase todas as obras esotéricas.
Voltar.
51.
A árvore da sabedoria é o título dado pelos
aderentes da Religião da Sabedoria (Bodhidharma) àqueles
que atingiram a altura do conhecimento místico - aos
Adeptos. A Nagarjuna, o fundador da Escola Madhyrnika, chamavam a
“Árvore-Dragão”, sendo o dragão o símbolo
da sabedoria e do conhecimento. A árvore é respeitada
porque foi sob a árvore Bodhi (da sabedoria) que Buda recebeu
a sua nascença e esclarecimento, pregou o seu primeiro sermão,
e morreu. Voltar.
53.
A Alma de Diamante, Vajrasattva, um título do Buda supremo,
Senhor de todos os mistérios, chamado Vajradhara e Adi-Buda.
Voltar.
55.
Da doutrina de Shin-Sien, que ensina que a mente humana é como
um espelho que atrai e reflete todos os átomos de pó,
e, como esse espelho, tem de ser cuidada e limpa todos os dias.
Shin-Sien foi o sexto patriarca da China Setentrional, que ensinou a
doutrina esotérica do Bodhidharma. Voltar.
56.
Os Budistas do Norte chamam ao Eu reencarnante o Homem Eterno, que se
torna, em união com o seu ser superior, um Buda. Voltar.
58.
A fórmula costumeira que precede as escrituras budistas, e
significa que o que segue foi notado de direta tradição
oral do Buda e dos Arhats. Voltar.
60.
Rathapala, o grande Arhat, assim se dirige a seu pai na lenda chamada
Rathapala Sutrasanne. Mas como todas essas lendas são
alegóricas (por exemplo: o pai de Rathapala tem uma casa com
sete portas), compreende-se a reprimenda àqueles que as
aceitam literalmente. Voltar.
70.
Todas as tradições do Norte e do Sul concordam em
mostrar que Buda saiu da sua solidão logo que resolveu o
problema da vida - isto é, recebeu o esclarecimento interior -
e ensinou publicamente aos homens. Voltar.
71.
Segundo o ensinamento esotérico, cada Eu espiritual é
um raio de um espírito planetário. Voltar.
73.
Esta mesma reverência popular chama “Budas da Compaixão”
àqueles Bodhisattvas que, tendo chegado ao grau de Arbat (isto
é, tendo completado o quarto ou sétimo Caminho),
recusam-se a passar para o estado nirvânico ou “vestir a
veste do Dharmakaya e passar para a outra margem”, visto que então
já não poderiam auxiliar os homens mesmo o pouco que o
Carma permite. Preferem continuar invisivelmente (no espírito,
por assim dizer) no mundo, e contribuir para a salvação
humana, influenciando os homens a seguir a boa Lei, isto é,
levando-os para o Caminho da Virtude. É costume entre os
exotéricos do budismo do Norte venerar estes grandes seres
como santos e mesmo rezar a eles, como fazem os gregos e os católicos
aos seus santos e padroeiros; mas os ensinamentos esotéricos
não permitem essas orações. Há grande
diferença entre as duas doutrinas. O exotérico laico
mal sabe o verdadeiro sentido da palavra Nirmanakaya - daí a
confusão e as explicações insuficientes dos
orientalistas. Por exemplo: Schlagintweit crê que Nirmanakaya
significa forma física assumida pelos Budas quando encarnam na
terra - “o menos sublime dos seus invólucros terrenos”
(ver O Budismo no Tibete) - e passa a dar opinião inteiramente
falsa sobre o assunto. A verdadeira doutrina é, porém,
esta:
Os
três corpos ou formas búdicas são denominados:
I.
Nirmanakaya.
II.
Sambhogakaya.
III.
Dharmakaya.
O
primeiro é aquela forma etérea que ele assumiria
quando, abandonando o corpo físico, aparecesse no corpo astral
-tendo a mais todos os conhecimentos de um Adepto. O Bodhisattva
desenvolveu-o em si mesmo à medida que avança no
caminho. Tendo chegado à meta e recusado a fruição
da recompensa, permanece na terra como um Adepto; quando morre, em
vez de entrar para o Nirvana, fica no corpo glorioso que para si
teceu, invisível à humanidade não-iniciada, para
velar por ela e protegê-la.
Sambhogakaya
(literalmente “Corpo de Compensação”) é o
mesmo Nirmanakaya, mas com o brilho adicional de três
perfeições, uma das quais é a obliteração
de todas as preocupações terrenas.
O
corpo Dharmakaya é o de um Buda completo, isto é, não
é corpo nenhum, mas o sopro ideal; a consciência imersa
na consciência universal, ou a alma despida de todos os
atributos.
Uma
vez tornado um Dharmakaya, um Adepto ou Buda abandona toda a possível
relação com, ou pensamento ligado a esta terra. Assim,
para poder auxiliar a humanidade, um Adepto que adquiriu o direito ao
Nirvana, “renuncia ao corpo Dharmakaya”, falando misticamente;
guarda, do Sambhogakaya, apenas os grandes e completos conhecimentos,
e fica no seu Nirmanakaya. A escola esotérica ensina que
Gautama Buda, com vários dos seus Arhts, é um
Nirmanakaya deste gênero, acima do qual, pela grande renúncia
e sacrifício pela humanidade, não existe ninguém.
Voltar.
74.
A veste Shangna, do Shangnavesu de Rajagriha, o terceiro grande
Arhat, ou patriarca, segundo a terminologia que os orientalistas
adaptam para a hierarquia dos trinta e três Arhats que
espalharam o budismo. “A veste Shangna” significa metaforicamente
a aquisição de sabedoria com que se entra para o
Nirvana da destruição (da personalidade). Literalmente,
quer dizer a veste da Iniciação dos neófitos.
Edkins afirma que este tecido de ervas foi trazido para a China do
Tibete na dinastia do Tong. “Quando nasce um Arhan, esta planta
encontra-se crescendo num lugar limpo” - diz a lenda chinesa, assim
como a tibetana. Voltar.
84.
Srotapatti ou “aquele que entra na corrente do rio” do Nirvana, a
não ser que atinja a meta devido a razões excepcionais,
raras vezes poderá atingir o Nirvana em uma só vida. Em
geral diz-se que um chela começa o esforço ascensional
em uma vida e o acaba ou chega à meta apenas na sua sétima
nascença depois dessa. Voltar.
86.
Os Tirthikas, sectários bramânicos de além dos
Himalaias, são chamados infiéis pelos budistas na terra
sagrada, o Tibete, e vice-versa. Voltar.
88.
A visão ilimitada, ou seja, a visão psíquica,
sobre-humana. Diz-se que um Arhan vê e sabe tudo, perto ou
longe que esteja. Voltar.
89.
A veste Shangna, do Shangnavesu de Rajagriha, o terceiro grande
Arhat, ou patriarca, segundo a terminologia que os orientalistas
adaptam para a hierarquia dos trinta e três Arhats que
espalharam o budismo. “A veste Shangna” significa metaforicamente
a aquisição de sabedoria com que se entra para o
Nirvana da destruição (da personalidade). Literalmente,
quer dizer a veste da Iniciação dos neófitos.
Edkins afirma que este tecido de ervas foi trazido para a China do
Tibete na dinastia do Tong. “Quando nasce um Arhan, esta planta
encontra-se crescendo num lugar limpo” - diz a lenda chinesa, assim
como a tibetana. Voltar.
91.
Esta mesma reverência popular chama “Budas da Compaixão”
àqueles Bodhisattvas que, tendo chegado ao grau de Arbat (isto
é, tendo completado o quarto ou sétimo Caminho),
recusam-se a passar para o estado nirvânico ou “vestir a
veste do Dharmakaya e passar para a outra margem”, visto que então
já não poderiam auxiliar os homens mesmo o pouco que o
Carma permite. Preferem continuar invisivelmente (no espírito,
por assim dizer) no mundo, e contribuir para a salvação
humana, influenciando os homens a seguir a boa Lei, isto é,
levando-os para o Caminho da Virtude. É costume entre os
exotéricos do budismo do Norte venerar estes grandes seres
como santos e mesmo rezar a eles, como fazem os gregos e os católicos
aos seus santos e padroeiros; mas os ensinamentos esotéricos
não permitem essas orações. Há grande
diferença entre as duas doutrinas. O exotérico laico
mal sabe o verdadeiro sentido da palavra Nirmanakaya - daí a
confusão e as explicações insuficientes dos
orientalistas. Por exemplo: Schlagintweit crê que Nirmanakaya
significa forma física assumida pelos Budas quando encarnam na
terra - “o menos sublime dos seus invólucros terrenos”
(ver O Budismo no Tibete) - e passa a dar opinião inteiramente
falsa sobre o assunto. A verdadeira doutrina é, porém,
esta:
Os
três corpos ou formas búdicas são denominados:
I.
Nirmanakaya.
II.
Sambhogakaya.
III.
Dharmakaya.
O
primeiro é aquela forma etérea que ele assumiria
quando, abandonando o corpo físico, aparecesse no corpo astral
-tendo a mais todos os conhecimentos de um Adepto. O Bodhisattva
desenvolveu-o em si mesmo à medida que avança no
caminho. Tendo chegado à meta e recusado a fruição
da recompensa, permanece na terra como um Adepto; quando morre, em
vez de entrar para o Nirvana, fica no corpo glorioso que para si
teceu, invisível à humanidade não-iniciada, para
velar por ela e protegê-la.
Sambhogakaya
(literalmente “Corpo de Compensação”) é o
mesmo Nirmanakaya, mas com o brilho adicional de três
perfeições, uma das quais é a obliteração
de todas as preocupações terrenas.
O
corpo Dharmakaya é o de um Buda completo, isto é, não
é corpo nenhum, mas o sopro ideal; a consciência imersa
na consciência universal, ou a alma despida de todos os
atributos.
Uma
vez tornado um Dharmakaya, um Adepto ou Buda abandona toda a possível
relação com, ou pensamento ligado a esta terra. Assim,
para poder auxiliar a humanidade, um Adepto que adquiriu o direito ao
Nirvana, “renuncia ao corpo Dharmakaya”, falando misticamente;
guarda, do Sambhogakaya, apenas os grandes e completos conhecimentos,
e fica no seu Nirmanakaya. A escola esotérica ensina que
Gautama Buda, com vários dos seus Arhts, é um
Nirmanakaya deste gênero, acima do qual, pela grande renúncia
e sacrifício pela humanidade, não existe ninguém.
Voltar.
93.
O Caminho Aberto é o que é ensinado ao lado, é o
exotérico e geralmente aceito, ao passo que o Caminho Secreto
é um cuja natureza é explicada na Iniciação.
Voltar.
94.
Os homens ignorantes das verdades e sabedoria esotéricas, são
chamados de os mortos que vivem. Voltar.
95.
O corpo Dharmakaya é o de um Buda completo, isto é, não
é corpo nenhum, mas o sopro ideal; a consciência imersa
na consciência universal, ou a alma despida de todos os
atributos.
Uma
vez tornado um Dharmakaya, um Adepto ou Buda abandona toda a possível
relação com, ou pensamento ligado a esta terra. Assim,
para poder auxiliar a humanidade, um Adepto que adquiriu o direito ao
Nirvana, “renuncia ao corpo Dharmakaya”, falando misticamente;
guarda, do Sambhogakaya, apenas os grandes e completos conhecimentos,
e fica no seu Nirmanakaya. A escola esotérica ensina que
Gautama Buda, com vários dos seus Arhts, é um
Nirmanakaya deste gênero, acima do qual, pela grande renúncia
e sacrifício pela humanidade, não existe ninguém.
Voltar.
96.
Upadhya é um preceptor espiritual, um Guru. Os budistas do
Norte escolhem-no em geral entre os Naljor, homens santos, eruditos
na Gotrabhujnana e no Jnana-darshana-shuddi, professores da sabedoria
secreta. Voltar.
97.
Yana significa veículo: assim, Mahayana é o Grande
Veículo e Hinayana o Veículo Menor, nomes estes de duas
escolas de ciência religiosa e filosófica no
budismo do Norte. Voltar.
98.
Shravaka - um ouvinte, ou estudante que segue as instruções
religiosas. Do radical Shru. Quando da teoria passa à prática
ou realização do ascetismo. torna-se um Shramana,
exercedor de Shrama, ação. Como mostra Hardy, as duas
formas correspondem às palavras gregas akoustikoi e
asketai. Voltar.
99.
O Samtan tibetano é o mesmo que o sânscrito Dyana, ou
estado de meditação, do qual há quatro graus.
Voltar.
100.
Paramitas, as seis virtudes transcendentais: caridade, moralidade,
paciência, energia, contemplação e sabedoria.
Para os sacerdotes há dez, as seis apontadas, e, além
delas, o emprego dos meios justos, a ciência, votos religiosos
e força de propósito (O Budismo Chinês, da
Eitel). Voltar.
101.
Srotapatti - literalmente, “aquele que entrou para o rio”, que
conduz ao oceano nirvânico. Este nome indica o primeiro
Caminho. O nome do segundo é o Caminho do Sakridagamin,
“aquele que receberá a nascença (só) uma vez
mais”. Ao terceiro chama-se aquele do Anagamin, “aquele que não
tornará a ser reencarnado”, a não ser que assim
deseje para auxiliar a humanidade. O quarto Caminho é
conhecido como o do Rahat ou Arhat. É este o mais alto. Um
Arhat vê o Nirvana durante a sua vida. Para ele não é
um estado para depois da morte: é o seu Samadhi, durante
o qual experimenta toda a felicidade do Nirvana. (Para se ver quão
pouca confiança se pode ter nos orientalistas no que diz
respeito à exatidão de palavras e do seu sentido, basta
ver o que disseram três pretensas autoridades nesta matéria.
Assim, os quatro nomes que citamos são dados por R. Spence
Hardy como sendo: 1. Sowan; 2. Sakradagami; 3. Anagami; e 4. Arya.
Pelo Rev. J. Edkins são dados como: 1. Srotapanna; 2.
Sagardagam; 3. Anaganim; e 4. Arhan. Schlagintweit escreve-os de
maneira diversa, e cada um desses orientalistas dá a essas
palavras sentidos diferentes.) Voltar.
103.
“Chegar à margem” é, para os budistas do Norte,
sinônimo de atingir o Nirvana pelo exercício das seis e
dez Paramitas (virtudes). Voltar.
104.
Um homem sem pecado, um santo. (Upadhya é um preceptor
espiritual, um Guru. Os budistas do Norte escolhem-no em geral entre
os Naljor, homens santos, eruditos na Gotrabhujnana e no
Jnana-darshana-shuddi, professores da sabedoria secreta). Voltar.
105.
A Alma-Mestra é Alaya, a Alma Universal ou Atman de que cada
homem tem um raio em si, e com que se supõe que é capaz
de se identificar e se fundir. Voltar.
106.
Antahkarana é o Manas inferior, o caminho de comunicação
ou comunhão entre a personalidade e o Manas superior ou Alma
Humana. Na morte se destrói como caminho ou meio de
comunicação, e os seus restos sobrevivem sob uma forma,
como o Kamarupa - a casca. Voltar.
107.
Os budistas do Norte, e, de resto, todos os chineses, sentem no
rugido fundo de alguns rios grandes e sagrados a nota mestra da
natureza. Daí o símile. É um fato bem conhecido,
tanto na ciência física quanto no ocultismo, que o som
agregado da natureza como no rugido dos grandes rios, ou no ruído
produzido pela oscilação dos cimos das árvores
numa grande floresta, ou no som de uma cidade ouvido à
distância - é um tom único e definido de alcance
perfeitamente apreciável. Mostram-no físicos e músicos.
Assim, o prof. Rice (A Música Chinesa) diz que os chineses
reconheceram o fato há milhares de anos, dizendo que as águas
do Hoang-ho, ao correr, davam o Kung, chamado "o grande tom"
na música da China; e mostra que este tom corresponde ao lá,
"considerado pelos físicos modernos o tom essencial da
natureza". O Prof. B. Silliman cita-o, também, no seu
Princípio da Física, dizendo que "este tom é
dado como sendo o lá médio do piano, que pode,
portanto, ser considerado a nota mestra da natureza". Voltar.
108.
Os Bhöns e Dugpas e as várias seitas dos
“barretesvermelhos”, são considerados como os mais
hábeis feiticeiros. Vivem no Tibete Ocidental, no Tibete Menor
e no Butham. São todos Tantrikas. É absolutamente
ridículo encontrar orientalistas que visitaram as fronteiras
do Tibete, como Schlagintweit e outros, a confundir os ritos e
nojentas práticas desta gente com as crenças religiosas
dos Lamas orientais, os “barretes-amarelos” e os seus
Naljors ou homens santos. Voltar.
109.
Amitabha. o Imortal Iluminado, nome de Gautama Buda (Na simbologia do
budismo setentrional diz-se que Amitabha ou o espaço ilimitado
(Parabrahman) tem no seu paraíso dois Bodhisattvas -
Kuan-shi-yin e Tashishi - que não cessam de irradiar luz sobre
os três mundos onde viveram, incluindo o nosso, para, com esta
luz (do conhecimento), auxiliar a instrução dos iogues,
os quais, por sua vez, salvarão os homens. A sua alta posição
no reino de Amitabha é - diz a alegoria - devida a atos de
misericórdia por ambos praticados, como tais iogues, quando na
terra). Voltar.
110.
Dorje é o sânscrito Vajra, arma ou instrumento nas mãos
de alguns Deuses (os Dragshed tibetanos, os Devas que protegem os
homens) e é considerado como tendo o mesmo poder oculto de
repelir más influências - purificando o ar - que o ozone
tem na química. É também um Mudra, gesto e
posição usados ao sentar para a meditação.
É, em resumo, símbolo de poder sobre más
inf1uências invisíveis, quer como posição,
quer como talismã. Os Bhöns e Dugpas, porém, tendo
apropriado o símbolo, aproveitam-se dele sinistramente para os
fins da magia negra. Para os barretes-amarelos, ou Gelugpas, é
símbolo de poder, como a cruz para os cristãos, e é
tampouco superstição como esta. Para os Bhöns
é, como o duplo triângulo invertido, o sinal da
bruxaria. Voltar.
111.
Vairagya é o sentimento de absoluta indiferença para
com o universo objetivo, ao prazer e à dor. “Nojo” (como o
nojo da sociedade) não dá bem a idéia, mas é
o mais próximo que há. (“Despaixão” seria,
talvez o termo mais apropriado.) Voltar.
113.
“Um que segue as passadas dos seus predecessores” é o
verdadeiro sentido do nome Tathagata. Voltar.
114.
Samvritti é aquela das duas verdades que demonstra o caráter
ilusório ou o vácuo de todas as coisas. Neste caso
significa a verdade relativa. A escola Mahayana ensina a diferença
entre estas duas verdades - Paramarthsatya e Samvrittisatya
(Satya-verdade). É este o pomo de discórdia entre os
Madhyamikas e os Yogacharyas, os primeiros dos quais negam, e os
segundos afirmam, que todo o objetivo existe devido a uma causa
anterior ou por concatenação. Os Madhyamikas são
os grandes niilistas e negadores, para quem tudo é
Parikalpita, uma ilusão e um erro no mundo do pensamento
subjetivo tanto como no universo objetivo. Os Yogacharyas são
os grandes espiritualistas. Samvritti, portanto, por ser apenas
a verdade relativa, é a origem de toda a ilusão.
Voltar.
117.
Jnana-Marga é, literalmente, o caminho de Jnana, ou o Caminho
do Conhecimento Puro, de Paramartha ou (em sânscrito)
Svasamvedana, a reflexão evidente por si mesma, ou
autoanalítica. Voltar.
118.
É esta uma alusão a uma crença bem conhecida no
Oriente (como, de resto, também no Ocidente) de que cada Buda
ou santo a mais é um novo soldado no exército daqueles
que trabalham pela libertação ou salvação
da humanidade. Nas regiões do budismo do Norte, onde é
ensinada a doutrina dos Nirmanakayas - aqueles Bohisattvas que
renunciam à justamente merecida veste do Nirvana ou do
Dharmakaya (qualquer dos quais os isolam para sempre do mundo dos
homens) para invisivelmente auxiliar a humanidade e conduzi-la
finalmente ao Paranirvana - cada novo Bodhisattva, ou Grande Adepto
Iniciado, é denominado o libertador da humanidade. A
afirmação, feita por Schlagintweit no livro O Budismo
no Tibete, de que Prulpai ku ou Nirmanakaya é “o corpo em
que os Budas ou Bodhisattvas aparecem na terra para ensinar os
homens” é absurdamente errônea e nada explica. Voltar.
119.
Uma referência às paixões e pecados humanos que
são chacinados durante as provações do
noviciado, e servem de terreno bem adubado onde podem nascer os
germes ou sementes das virtudes transcendentais. As virtudes,
talentos ou dons preexistentes têm-se por adquiridos numa
nascença anterior, O gênio é sem exceção
um talento ou aptidão trazido de uma vida anterior. Voltar.
120.
Titiksha é o quinto estado da Raja Ioga - um estado de suprema
indiferença; a submissão, se for preciso, ao que se
chama “o prazer e a dor para todos”, mas não tirando nem
prazer nem dor de tal submissão - em suma, o tornar-se física,
mental, e moralmente indiferente e insensível quer ao prazer,
quer à dor. Voltar.
124.
Na simbologia do budismo setentrional diz-se que Amitabha ou o espaço
ilimitado (Parabrahman) tem no seu paraíso dois Bodhisattvas -
Kuan-shi-yin e Tashishi - que não cessam de irradiar luz sobre
os três mundos onde viveram, incluindo o nosso, para, com esta
luz (do conhecimento), auxiliar a instrução dos iogues,
os quais, por sua vez, salvarão os homens. A sua alta posição
no reino de Amitabha é - diz a alegoria - devida a atos de
misericórdia por ambos praticados, como tais iogues, quando na
terra. Voltar.
126.
O “Muro da Guarda”, ou “Muro da Proteção”.
É-nos ensinado que os esforços acumulados de longas
gerações de Iogues, Santos e Adeptos, especialmente dos
Nirmanakayas, criaram, por assim dizer, um muro de proteção
em torno da humanidade, que a guarda invisivelmente contra males
ainda maiores. Voltar.
130.
Esta compaixão não deve ser tida por análoga ao
“Deus, o divino amor” dos teístas. A compaixão
significa aqui lei abstrata, impessoal, cuja natureza, sendo a
harmonia absoluta, se torna confusa pela discórdia, pelo
sofrimento, e pelo pecado. Voltar.
131.
Na fraseologia do budismo do Norte todos os grandes Arhats, Adeptos e
Santos são denominados Budas. As citações atuais
são feitas do Thegpa Chenpoido, o Mahayana Sutra, “invocações
aos Budas da Confissão”, Parte I. IV. Voltar.
132.
Um Bodhisattva é, hierarquicamente, menos do que um Buda
perfeito. Na linguagem exotérica os dois são muito
confundidos. Mas a percepção popular, correta e inata,
colocou um Bodhisattva, devido ao seu grande sacrifício, mais
alto no seu respeito do que um Buda. Voltar.
133.
Esta mesma reverência popular chama “Budas da
Compaixão” àqueles Bodhisattvas que, tendo chegado ao
grau de Arbat (isto é, tendo completado o quarto ou sétimo
Caminho), recusam-se a passar para o estado nirvânico ou
“vestir a veste do Dharmakaya e passar para a outra margem”,
visto que então já não poderiam auxiliar os
homens mesmo o pouco que o Carma permite. Preferem continuar
invisivelmente (no espírito, por assim dizer) no mundo, e
contribuir para a salvação humana, influenciando os
homens a seguir a boa Lei, isto é, levando-os para o Caminho
da Virtude. É costume entre os exotéricos do budismo do
Norte venerar estes grandes seres como santos e mesmo rezar a eles,
como fazem os gregos e os católicos aos seus santos e
padroeiros; mas os ensinamentos esotéricos não permitem
essas orações. Há grande diferença entre
as duas doutrinas. O exotérico laico mal sabe o verdadeiro
sentido da palavra Nirmanakaya - daí a confusão e as
explicações insuficientes dos orientalistas. Por
exemplo: Schlagintweit crê que Nirmanakaya significa forma
física assumida pelos Budas quando encarnam na terra - “o
menos sublime dos seus invólucros terrenos” (ver O Budismo
no Tibete) - e passa a dar opinião inteiramente falsa sobre o
assunto. A verdadeira doutrina é, porém, esta:
Os
três corpos ou formas búdicas são denominados:
I.
Nirmanakaya.
II.
Sambhogakaya.
III.
Dharmakaya.
O
primeiro é aquela forma etérea que ele assumiria
quando, abandonando o corpo físico, aparecesse no corpo astral
-tendo a mais todos os conhecimentos de um Adepto. O Bodhisattva
desenvolveu-o em si mesmo à medida que avança no
caminho. Tendo chegado à meta e recusado a fruição
da recompensa, permanece na terra como um Adepto; quando morre, em
vez de entrar para o Nirvana, fica no corpo glorioso que para si
teceu, invisível à humanidade não-iniciada, para
velar por ela e protegê-la.
Sambhogakaya
(literalmente “Corpo de Compensação”) é o
mesmo Nirmanakaya, mas com o brilho adicional de três
perfeições, uma das quais é a obliteração
de todas as preocupações terrenas.
O
corpo Dharmakaya é o de um Buda completo, isto é, não
é corpo nenhum, mas o sopro ideal; a consciência imersa
na consciência universal, ou a alma despida de todos os
atributos.
Uma
vez tornado um Dharmakaya, um Adepto ou Buda abandona toda a possível
relação com, ou pensamento ligado a esta terra. Assim,
para poder auxiliar a humanidade, um Adepto que adquiriu o direito ao
Nirvana, “renuncia ao corpo Dharmakaya”, falando misticamente;
guarda, do Sambhogakaya, apenas os grandes e completos conhecimentos,
e fica no seu Nirmanakaya. A escola esotérica ensina que
Gautama Buda, com vários dos seus Arhts, é um
Nirmanakaya deste gênero, acima do qual, pela grande renúncia
e sacrifício pela humanidade, não existe ninguém.
Voltar.
134.
Myalba é a nossa terra - propriamente chamada de Inferno - que
a escola esotérica chama o maior de todos os infernos. A
doutrina esotérica não conhece inferno, ou lugar de
castigo, a não ser um planeta habitado ou terra. Avichi é
um estado e não um lugar. Voltar.
135.
Isto significa que nasceu um novo salvador da humanidade, que
conduzirá os homens ao Nirvana final, isto é, depois
do fim do ciclo de vidas. Voltar.
136.
Esta é uma das variantes da fórmula que invariavelmente
fecha todo o tratado, invocação ou instrução.
“Paz a todos os seres”, “Bênçãos sobre tudo
quanto vive”, etc. Voltar.
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